terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Turbulência

 A atmosfera da Terra é uma mistura gasosa que acompanha a esfera sólida em todos os seus movimentos. Por se tratar de um sistema dinâmico, a atmosfera apresenta-se variável em muitos de seus aspectos. Um deles é a irregularidade do movimento do fluxo de ar, resultante de vários fatores, tais como aquecimento diferenciado do solo e obstáculos naturais da topografia. Esse movimento irregular do luxo de ar, mais conhecido por turbulência exerce efeito significativo no voo, comprometendo, portanto, a segurança da navegação aérea.
 As reações de uma aeronave à turbulência dependem das diferenças da velocidade do vento adjacente, do tamanho e peso da aeronave, da superfície das asas e da altitude de voo. Quando passa rapidamente de um fluxo para outro, a aeronave sofre intensa mudança de velocidade. Obviamente, se o tempo de mudança for maior, a variação de velocidade será menor, proporcionando mais suavidade nos "solavancos".


Causas da turbulência


 Correntes convectivas – O gradiente térmico vertical da atmosfera, quando superior a 1ºC/100 m, faz surgir, dentro e fora das nuvens, correntes verticais significativas capazes de interferir no movimento horizontal das aeronaves; quando no intervalo 0,6 a 1ºC/100 m, as correntes aparecem somente dentro das nuvens. Evidentemente, quanto maior o gradiente, mais intensos serão os movimentos verticais, provocando efeitos de turbulência nos níveis mais baixos da troposfera. A turbulência resultante desse processo chama-se turbulência convectiva. O topo das nuvens Cúmulos define, aproximadamente, o limite superior dessas correntes.

  Obstruções ao fluxo de ar – Tanto a topografia acidentada quanto as edificações podem provocar desvios no fluxo horizontal do ar atmosférico. Em geral, os efeitos dependem da altura desses obstáculos e da intensidade do vento, pois quanto mais acidentada a topografia e quanto mais forte o fluxo, mais intensa e mais alta será a turbulência mecânica ou de solo. É capaz de afetar níveis de até 1.000 metros de altura.


 Ondas de montanhaSão fenômenos turbulentos resultantes da irregularidade e da alta intensidade do fluxo de ar, que sopra perpendicularmente a uma cordilheira. A barlavento das montanhas, o ar é forçado a ascender, enquanto que, a sotavento, é forçado a descer, estendendo seus efeitos sobre a nave, em forma de ondas. A turbulência deste fenômenos é conhecida por turbulência orográfica.


 Cortante do ventoVariações verticais ou horizontais do vento fazem aparecer forças de cortante, capazes de provocar turbulência naqueles níveis. Em geral, as variações mais importantes do vento, capazes de provocar turbulências muito fortes, são encontradas no interior da corrente de jato, na Tropopausa, e conhecidas por Turbulência em Ar claro (CAT). Nos níveis inferiores, todavia, as mais perigosas estão relacionadas com a presença de nuvens Cumulonimbos, provocando efeitos de cortante conhecidos por tesoura de vento.

 Esteiras de grandes aeronaves – Quando uma aeronave, grande e pesada, inicia a corrida para decolar, uma esteira de ar começa a se formar em sua retaguarda. A partir do ponto de decolagem, vértices de pontas de asas surgem nas laterais da esteira, formando um turbilhonamento intenso e perigoso para aeronaves de menor porte, peso e velocidade.


Graus de intensidade da turbulência


Turbulência leve – A aeronave sofre acelerações verticais inferiores a 0,2 "g", isto é, inferiores a 2 m/s2. A tripulação sente a necessidade de utilizar o cinto de segurança, todavia os objetos soltos ainda continuam em repouso.

Turbulência moderada – A aeronave sofre acelerações verticais, compreendidas entre os valores de 0,2 e 0,5 "g", ou seja, entre 2 e 5 m/s2. Os tripulantes podem ser lançados, ocasionalmente, para fora de seus assentos, sendo imprescindível o uso de cinto de segurança.

Turbulência forte – A aeronave sofre acelerações verticais, compreendidas entre os valores de 0,5 e 0,8 "g", podendo ficar fora de controle. Devido aos violentos ziguezagues, os passageiros podem entrar em pânico. Os objetos soltos são fortemente lançados de um lado para o outro, e os instrumentos do avião vibram fortemente, criando sérias dificuldades ao piloto.

Turbulência severa – A aeronave sofre acelerações verticais superiores a 0,8 "g", podendo, em raras ocasiões, atingir a 3 "g", isto é, 3 vezes a aceleração da gravidade. Nessas circunstâncias, é impossível controlar a aeronave, que pode sofrer danos estruturais irresponsáveis. 

Conselhos úteis


 Embora seja dificílimo evitar áreas de turbulência, é conveniente que se procure contornar a situação. Vejamos alguns conselhos que poderão ser úteis nos momentos de voo sob turbulência:
1 – Corrigir a velocidade indicada da aeronave para suavizar os efeitos da turbulência, segundo as normas do aparelho;
2 – Evitar voos à baixa altura entre montanhas, principalmente nas proximidades do lado sotavento de uma delas;
3 – Evitar as nuvens "colo", pois constituem áreas de intensa turbulência;
4 – Evitar nuvens lenticulares, principalmente se seus bordos forem enfarrapados;
5 – Não confiar, excessivamente, nas indicações do altímetro próximo aos picos de montanhas, pois podem contar erros superiores a 1.000 pés;
6 – Executar a aproximação para pouso em velocidade pouco acima da prevista a fim de evitar uma queda brusca de sustentação;
7 – Estar atento para os possíveis efeitos psicológicos de turbulência sobre a tripulação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário