Intensidade de formação de gelo
Formação leve – Nesta intensidade, a
acumulação de gelo se processa lentamente. Somente após vários minutos de voo
dentro das nuvens, pode ser notado
algum indício dele, porém não ultrapassando a razão de 1 mm/min. Em geral, a
formação leve não afeta a operacionalidade da aeronave, porque a própria evaporação
compensa o acúmulo.
Formação moderada – a formação será
considerada moderada quando a acumulação ficar compreendida entre 1 e 5 mm/min.
Nesta condição, cai a eficiência das comunicações, os instrumentos de pressão
já apresentam erros, alguma vibração já é percebida, e a velocidade indicada
chega a diminuir em até 15%.
Formação forte – a formação será
considerada forte quando a acumulação ficar compreendida entre 5 e 10 mm/min.
Nesta condição, a formação é quase instantânea, criando uma densa capa de gelo
sobre a aeronave. Fortes vibrações afetam os motores, as camas ficam
sensivelmente prejudicadas, e a velocidade indicada chega a diminuir em até
25%. Em condições extremas, a formação de gelo poderá determinar a imediata
mudança de nível de voo, porque os sistemas usuais de combate à formação de
gelo de tornam ineficazes.
Condições de formação de gelo
Aproximadamente
todas as formações de gelo em aeronave ocorre em nuvens super resfriadas.
Estas são nuvens nas quais
gotículas estão presentes em temperaturas abaixo de 0ºC.
Em temperaturas perto de 0ºC, a nuvem pode consistir inteiramente
de tais gotículas, com pouca ou nenhuma partícula de gelo presentes. Em
temperaturas mais baixas, a probabilidade aumenta de modo que partículas de
gelo serão encontradas em significantes números acompanhadas de gotículas
líquidas.
De fato, quando o conteúdo da água gelada
aumenta, o conteúdo de água líquida tende a diminuir, desde que as partículas
de gelo crescem às custas das partículas de água. Em temperaturas abaixo de
-20ºC, mistas nuvens são formadas inteiramente
de partículas de gelo.
A regra geral é que quanto mais partículas de
gelo e menos gotículas líquidas que estão presentes, menos acúmulo de gelo na
estrutura. Isto é porque as partículas de gelo tendem a quicar para fora da
superfície da aeronave, enquanto as gotículas super resfriadas congelam e
aderem a superfície. Como resultado, o acúmulo de gelo é frequentemente maior
em temperatura não muito distante de 0ºC, onde o conteúdo de água líquida pode
ser abundante, e é usualmente desprezível em temperaturas abaixo de -20ºC.
Sistemas antigelo
Sistema
Mecânico – evita o acúmulo de gelo, mas não impede a sua formação. Consiste em capas de borracha nas bordas de
ataque das asas e empenagem. Por meio de ar comprimido por bombas, essas capas
são infladas periodicamente, promovendo o rompimento e a expulsão do gelo
formado. Evitando o uso do piloto automático em condições de formação de gelo,
o piloto estará, também, minimizando o acúmulo de gelo nas superfícies de
comando da aeronave.
Sistema
Térmico – Evita e combate a formação de gelo, aquecendo as partes que se deseja
proteger, tais como bordas de ataque, empenagens e tubo de Pilot. Este
aquecimento pode ser feito por resistências elétricas incandescentes,
instalados em pontos específicos ou por fluxos de ar aquecido pelos motores.
Sistema
Químico – Na maioria das vezes, este sistema é utilizado preventinamente nas
hélices, para-brisas e carburadores. Consiste na utilização de fluídos
anticongelantes compostos de substâncias solúveis em água, como o álcool
etílico, que tem a propriedade de fazer passar para o estado líquido o gelo
formado ou impedir sua formação.
Áreas críticas de formação de gelo
Sistema de carburação – a formação de gelo no
sistema de carburação reduz o rendimento do motor e, consequentemente sua
potência. Há três formas de congelamento que podem afetar o carburador
de uma aeronave. A primeira ocorre por acúmulo de gelo na boca da tomada
de ar do motor, provocando uma obstrução que impede a chegada de ar no sistema
de carburação, afetando seriamente a mistura ar-combustível. A segunda,
por obstruções provocadas pelo acúmulo de gelo no interior do carburador. Neste
caso, o gelo formado não é devido à água super-resfriada contida nas nuvens, mas ao processo
adiabático que experimenta o fluxo de ar no sistema de injeção de combustível.
É possível ocorrer esta forma de congelamento mesmo em temperatura de 5ºC em
céu claro. A terceira ocorre também internamente, pelo resfriamento
produzido pela evaporação do combustível ao ser introduzido na corrente de ar.
Neste processo, a maior quantidade de calor utilizada para evaporar o
combustível é subtraída de ar cuja temperatura baixa consideravelmente até
valores que podem produzir forte acúmulo de gelo. Esta forma de congelamento é
possível ocorrer mesmo em temperatura de 20ºC, em céu claro. A rigor, a segunda
e a terceira formas de resfriamento interno do carburador ocorrem
simultaneamente, sendo seu efeito considerado o mais perigoso devido à
facilidade com que pode acontecer.
Asas e empenagem – A formação de gelo que
ocorre nas asas e na empenagem, principalmente nas bordas de ataque, modifica o
perfil aerodinâmico, aumenta a resistência ao avanço e diminui à sustentação da
aeronave. A formação de gelo do tipo "opaco+claro" (misto) sobre as
bordas de ataque, em virtude da sua acumulação irregular, tende a produzir
alterações significativas no perfil aerodinâmico da aeronave. A acumulação que ocorre sobre a empenagem tende
a dificultar a manutenção do rumo da aeronave e a produzir vibrações que podem
comprometer a estrutura da cauda.
Hélices – As hélices são produzidas
de tal forma que o seu perfil possa produzir um máximo de tração, mas, se
ocorrer formação de gelo em sua superfície, principalmente em suas bordas de
ataque, esse perfil será modificado, reduzindo o seu rendimento. Neste caso, o
motor começa a apresentar fortes vibrações por causa do desbalanceamento das
hélices. Em baixa R.P.M (rotações por minuto), o acúmulo de gelo nas hélices
será mais intenso que em alta, por causa do aquecimento dinâmico resultante do
movimento e assim sendo, a formação de gelo tende a ocorrer do centro para as
pontas.
Tubo de Pilot – Se o gelo bloqueia a
entradas do tubo de Pilot ou se acumula em seu interior deixam de funcionar os
instrumentos que dependem das pressões dinâmica e estática do ar atmosférico,
como o indicador de velocidade vertical (climb), altímetro e velocímetro,
Antenas – O gelo que se acumula nas
antenas de rádio produz efeitos prejudiciais às comunicações, porque aumenta o
diâmetro dos calos (efeito pelicular) e diminui o isolamento da antena em
relação à carcaça da aeronave. O excesso de peso produzido pelo acúmulo de gelo
poderá romper a antena, deixando a tripulação em situação aind mais complicada.
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